Uma história de amor. Regina Coeli Rennó, Belo Horizonte, Editora Lê, 1992
Está história conta de um casal feliz é separado por uma terceira personagem. A segunda relação não da certo e o parceiro, arrependido, volta à relação antiga. Os personagens são metáforas representadas por lápis que é caracterizado pelas cores convencionais: rosa para mulher e azul para homem.
1ª Sequência – situação de equilíbrio entre os lápis Azul e Rosa onde se amam se acomodam no aconchego da cama protegendo da chuva, depois passeiam no parque, contemplam o sol, um clima perfeito em correspondência visual.
2ª Sequência – o problema desfaz o equilíbrio, surge o lápis Amarelo que seduz o lápis Azul, este já é desenhado separado do Rosa e voltado para o Amarelo.
3ª Sequência – Tristeza do lápis Rosa e busca de soluções para reconquistar o Azul. Sofre trite no banco do jardim, se arrasta pela casa, na cama pensa em diversas maneiras de reconquistar o lápis Azu.l
4ª Sequência – o lápis Rosa abandona a casa e parte de muchila nas costas em busca do lápis Azul, então num barquinho de papel, inicia sua viagem.
5ª Sequência – Lápis Azul, arrependido, volta à procura do Rosa, e encontra a casa vazia.
6ª Sequência – Deslanche, o final da história fica por conta do leitor: na cena única, vemos apenas as ondas chegando na praia e o lugar vazio em que esteve sentado o Lápis Azul, marcado por uma mancha marrom. Teriam se reencontrado e voltado para a casinha? Ou aconteceu um desencontro (o barquinho não estava chegando à praia mas se afastando) e ele foi embora sozinho?
Rennó estimula o leitor a imaginar todos os momentos desta cena que concentra tempos diferentes, marcado com clareza o tempo em que eles acontecem e a tensão criada na narrativa. Outra técnica original de Rennó são os traços que rabiscam a casa, o sol, as flores, o arco-íris etc., entretanto, apesar do uso intencional dos códigos comuns e extremamente simples como narrativa visual sem palavras, esta história tem todos os elementos essenciais, tanto de espaço como de tempo, além da expressividade, para contar e enredo e estimular o leitor a completar o que não está explicitamente desenhado nas páginas.
Enfim, a leitura de uma imagem vai muito além da simples apreensão denotativa do que está apresentando. Como escreve Chistian Bruel, editor e escritor de literatura para crianças, é preciso “ler a imagem como parte essencial da narrativa, ler entre as imagens, ler as coes, para além de uma boniteza e de um estetismo simplório de colorização; ler o branco e o preto”.
Isso se aprende: “é preciso aguçar o olho e aprender a decodificar todos estes elementos constitutivos do sentido”.
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